Por Pamela Lorrany Sobrinho, economista pelo Centro Universitário Newton Paiva, pós-graduada em Controladoria e Finanças pela ESAB, pós-graduanda em Gestão Empresarial pela FGV, conselheira do Corecon-MG, vice-presidente do Instituto Corecon Cultural e Analista de Arrecadação da Fiemg.

Quando dezembro de 2020 chegou, a sensação de finalizar um ano tão complexo deixou as pessoas e as empresas animadas. O desejo de um ano melhor, em que pudéssemos voltar à normalidade, tomou conta da vida de todos.

Porém, sabíamos que, para o retorno à tão sonhada normalidade, seria necessária a vacinação em massa da população, com a maior agilidade possível. Não somente nosso psicológico andava abalado com tanto tempo de isolamento, como nossa economia estava em frangalhos com as incertezas. Como produzir e como comprar se não há clareza sobre o que virá a acontecer? Como investir com uma economia sem perspectivas ou como criar projeções de consumo quando o desemprego bate recordes? A economia também precisa da vacinação, e podemos lhe explicar alguns motivos para isso.

Quando pensamos em economia, pensamos em pessoas, não em mercados. As quedas bruscas que aconteceram em 2020 ocorreram pela menor circulação de pessoas e, com isso, de dinheiro. A alta do comércio online não foi o suficiente para impulsionar alguns setores, como o de serviços, que necessita de atividades presenciais. Com a flexibilização no fim do ano, observou-se melhora econômica. A chegada da vacina, porém, é o que pode alterar esse cenário consideravelmente. Com a população imunizada, as pessoas sairão de casa e, consequentemente, gastarão mais, enquanto as restrições sobre estabelecimentos fechados também deverão começar a cair.

Se não há saúde e pessoas vivas, não há para quem vender. A vacina estimula a economia das empresas.
Com mais gente imunizada e circulando, as empresas serão impactadas diretamente. O setor de serviços, que é responsável por mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (dados de 2019), poderá voltar a produzir, uma vez que este setor precisa das atividades presenciais.

A imunização impacta na redução das incertezas diante do futuro. Sendo assim, empresários terão mais segurança na tomada de decisão para os investimentos. Com a pandemia e as mudanças bruscas na curva de contagio é quase impossível planejar o futuro. Assim, com o aumento da taxa de imunização e a queda nas medidas de restrição, os empresários poderão voltar a investir e produzir. Lembrando que, quanto maior o número de pessoas doentes, menor os gastos dessas pessoas e de suas famílias. A economia precisa de vidas para crescer, não de pessoas doentes.

Voltaremos a ter emprego e renda. A retomada do mercado de trabalho, principalmente o formal, não acontecerá de forma rápida com a retomada do consumo. Para se contratar mais pessoas, muitas vezes é necessária a expansão das operações e dos investimentos, e isso se dá através do andamento da economia e das certezas. Com maior grau de confiança, os empresários colocarão recursos em seus negócios e, assim, se abrirão as possibilidades de contratação de mão de obra. Entretanto, esse processo é mais lento do que a retomada do consumo, por isso é tão importante a agilidade na vacinação em massa. Até porque, quanto mais vagas surgem, mais dinheiro circula, e mais dinheiro circulado e lucro gerado, mais gastos e o ciclo se forma em novas contratações.

Betim e a vacinação

A cidade de Betim, em Minas Gerais, foi fortemente atingida pela pandemia. Assim como ocorreu com a maioria das cidades industriais de nosso país, as restrições impactaram fortemente na arrecadação tributária do município. Porém, a cidade saiu na frente quando, na última quinta feira (10/04), o prefeito Vittório Medioli anunciou a compra de mais de 1,2 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, após a sanção da Medida Provisória (MP) das Vacinas e da decisão do Superior Tribunal Federal (STF) que permite aos municípios a aquisição de imunizantes sem interferência do Governo Federal. Assim, a cidade sai na frente na imunização em massa de seus habitantes, uma vez que a prefeitura comprou vacinas para além da população do município, podendo então planejar a retomada econômica.

Essa decisão acertada da prefeitura de Betim pode implicar, inclusive, em novos investimentos para a cidade, uma vez que a preocupação com a saúde e com a economia e a possibilidade de maiores certezas econômicas será o destaque do município para atrair novos investimentos. Com essa atitude, além de promover todo esse ciclo econômico já mencionado, antes mesmo da maioria dos grandes municípios do Brasil, Betim atrai ainda a possibilidade de expansão econômica, mesmo num momento de crise brasileira.

Vacinação e a luz no fim do túnel
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