Por Pamela Lorrany Sobrinho
Economista e conselheira do Corecon-MG

Não é de hoje que a economia brasileira vem patinando sem nenhum avanço significativo. As promessas de crescimento após as Reformas da Previdência e a Lei de Liberdade Econômica ficaram somente nos sonhos.

O tão sonhado investimento privado não se consolidou em 2019, com o menor crescimento do PIB dos últimos três anos e não irá acontecer em 2020, encabeçado pela crise causada pelo novo coronavírus, mas também pela falta de políticas econômicas claras por parte do governo federal e estadual.

Fica evidente que, se nenhuma medida para contenção da crise não for tomada, estaremos enfrentando não uma recessão, mas sim uma depressão econômica, muito mais profunda, que implicará em milhões de desempregados, milhares abaixo da linha da miséria e muitas empresas fechando às portas, principalmente o pequeno e médio empresário, aquele que tem mais sofrido com o descaso governamental.

Enfrentar uma pandemia como a atual, não é fácil. Não existe receita de bolo. Porém, o que ficou claro é que não se pode deixar para que o empresário e o mercado financeiro revertam essa situação. O Estado é o principal motor e o combustível para reverter essa economia desolada pela crise.

Algumas ações já realizadas pelo governo devem ser continuadas, ampliadas ou melhoradas, como suspensão dos pagamentos de financiamentos imobiliários e de veículos, desoneração da folha de pagamento, extensão do auxilio emergencial e ampliação da redução de jornada de trabalho e salários por pelo menos mais um ano.

Outras deveriam ser implantadas como crédito a juros zero para o micro e pequeno empresário, suspensão das contas de energia e água, isenção de tributações, parcerias público/privadas para incentivo de produção, bem como incentivo do crédito para o consumo das famílias.

Além, claro, da tão falada reforma tributária, mas uma reforma profunda, que vise à tributação de grandes fortunas e uma progressão maior da tributação na renda. Todas essas ações exigem do governo gastar.

Sim, gastar! Neste momento não podemos pensar em transferir para as pessoas e para as empresas a conta da pandemia. É função do Estado arcar com o ônus, para não permitir uma recessão mais profunda.

Existem diversos tipos de politicas públicas que podem ser adotadas, como a impressão de títulos da divida, papel moeda, aumento do orçamento de guerra, todos são mecanismos importantes para estimular a economia brasileira e mineira.

Se as projeções se confirmarem, vamos terminar 2020 com um saldo de milhares e milhares de mortos, milhões de desempregados e muitas empresas falidas, uma queda brusca de mais de 6% no PIB nacional e uma conta a ser paga em 2021.

Não é apenas abrir o comércio, é garantir que as pessoas possam a ter segurança de voltar a consumir, é garantir o emprego de cada um e a vida, o que é mais importante. Não adianta um comércio aberto e milhares de desempregados.

Essas pessoas não consomem. É papel do Estado Brasileiro não permitir que nossa economia entre em uma depressão, e sim, existem mecanismos econômicos viáveis para isso. Aguardaremos ás propostas encaminhadas pelo governo ao Congresso, e que este tenha bom senso em salvar a todos, e não apenas os grandes empresários.

Artigo originalmente publicado no portal Gira Betim.

Sem medidas efetivas, Minas Gerais e o Brasil enfrentarão depressão econômica
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