César e Roberto escolheram trabalhar no mercado financeiro. Matheus é analista de dados. Marcus gosta da área ambiental. Aldo e Luiz elaboram projetos de viabilidade econômica. E Manuela encontrou a realização profissional no setor público, como analista do Banco Central.

Todas essas pessoas têm algo em comum: a formação em Ciências Econômicas. Uma característica muito marcante deste mercado de trabalho é a possibilidade de atuar com excelência em diferentes frentes, indicando caminhos com base na ciência para o desenvolvimento e trabalhando em áreas tão diversas quanto a perícia judicial ou o comércio exterior. Poucos cientistas sociais têm esta possibilidade.

O profissional graduado em Ciências Econômicas é alguém com capacidade para compreender questões científicas, técnicas, sociais e políticas relacionadas com a economia, sólida consciência social, capacidade de interagir diante das transformações político-econômicas, domínio técnico dos estudos relacionados à formação teórico-quantitativa e teórico-prática e visão histórica do pensamento econômico.

Mas a variedade de possibilidades de atuação não é o único atrativo da profissão. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (da Fundação Getúlio Vargas) divulgado em outubro de 2023 mostrou quais são as profissões mais bem remuneradas no Brasil. Em nono lugar aparecem os economistas, com uma média de R$ 8,6 mil mensais – uma demonstração de que a sociedade reconhece a formação e o trabalho desta categoria profissional.

Atividades

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) dispõe de 38 descrições de profissões do economista, desde algumas mais gerais (de código 251205) a outras mais específicas (há códigos referentes ao economista agroindustrial, financeiro, industrial, do setor público, ambiental, regional e urbano). E não estão listadas atividades como a docência, já que na listagem da CBO o código de ocupação é outro.

Já a Consolidação da Legislação da Profissão de Economista traz uma extensa lista de atividades inerentes à profissão de economista. Entre elas, destacam-se: assessoria, consultoria, pesquisa econômica, estudos de mercado e de viabilidade econômico-financeira, análise e elaboração de cenários, planejamento estratégico nas áreas social, econômica e financeira, estudos e análise de mercado financeiro e de capitais e derivativos, estudos referentes à economia da tecnologia, do conhecimento e da informação, da cultura e do turismo, produção e análise de informações estatísticas (incluindo contas nacionais e índices de preços), planejamento e implementação de políticas tributárias e de finanças públicas, assessoria e análise em política econômica, fiscal, monetária, cambial e de crédito, avaliação patrimonial e econômico-financeira de empresas, perícia judicial e extrajudicial, avaliação de intangíveis, análise de investimentos, estudos para elaboração de orçamentos públicos e privados, estudos de impacto econômico e social relacionados ao meio ambiente e aos recursos naturais, elaboração e análise de estratégias empresariais e de concorrência, finanças internacionais, consultoria em finanças pessoais, regulação de serviços públicos e defesa da concorrência, estudos e cálculos atuariais no âmbito de previdência e seguros, atuação nos campos da economia solidária e economia criativa, arbitragem e mediação.

Principais áreas de atuação

Uma das áreas mais amplas de atuação dos economistas está no mercado financeiro. Ali as atividades vão desde a atuação em mesas de operações até a gestão de fundos, passando pelo planejamento tributário, análise de riscos, avaliação de empresas, entre outras. No setor bancário, as atividades incluem acompanhar a conjuntura, avaliar a concorrência, realizar estudos de mercado e aprovar planos de negócios.

Muitos economistas encontram seu lugar no setor público. As atividades passam pela elaboração de orçamentos, análise de cenários, avaliação de impacto e do resultado de políticas públicas, entre outras. Os economistas são responsáveis por fazer com que um projeto desenvolvido por um órgão público possa, de fato, trazer benefícios para o público que pretende atender, garantindo que tenha os recursos necessários e a eficiência para produzir resultados. As agências de fomento garantem financiamentos com potencial para desenvolver determinadas cidades ou regiões. Nas agências reguladoras, o economista trabalha para que a concorrência seja eficiente em mercados que nem sempre o são e que, onde ela não é possível (como nos mercados de energia elétrica), a sociedade seja devidamente atendida pelos serviços regulados.

Além dessas áreas, os economistas também se destacam em empresas privadas de vários portes e em áreas que vão desde a indústria até o agronegócio, passando pelas mais diversas atividades produtivas; na docência, atuam formando novos profissionais, realizando pesquisas e produzindo estudos; nas ONGs, buscando objetivos específicos, muitas vezes relacionados a questões de interesse social ou à economia solidária; em organismos multilaterais, buscando conciliar os interesses de várias partes; no poder judiciário, atuando como peritos para auxiliar os juízes ou como assistentes de uma das partes em litígio; nos institutos de pesquisa, produzindo dados e estatísticas que possuem interesse econômico; entre outras várias possibilidades.

Áreas em crescimento

Uma área que vem recebendo bastante destaque é a análise de dados. Com a produção de dados em uma quantidade cada vez maior (o chamado “big data”), são necessários profissionais que saibam estruturar estas informações de modo que a análise seja facilitada. Quando uma informação chega rapidamente aos agentes econômicos, quem souber refiná-la da melhor forma possível terá um diferencial. O economista analista de dados pode atuar em áreas que vão desde as estatísticas de desempenho esportivo até a análise do comportamento dos consumidores.

A propósito do comportamento, a economia comportamental também é um campo que vem crescendo. Ela estuda os fatores que influenciam a tomada de decisões econômicas – e estes fatores podem incluir vieses de comportamento ou condições econômicas e sociais específicas de uma determinada comunidade em que aquela pessoa está inserida. Alguns dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia dos últimos 25 anos produziram estudos nesta área.

Embora a atuação do economista na perícia judicial e extrajudicial não seja nova, cada vez mais economistas têm encontrado nela o seu espaço. Ali eles realizam cálculos de liquidações, indenizações, avaliação patrimonial, dívidas, entre outros. Seu conhecimento técnico pode auxiliar o juiz na tomada de decisões, ou pode ajudar uma das partes em litígio a provar que tem determinados direitos (ou a defender-se da acusação de que estaria violando os direitos da contraparte).

O desenvolvimento do mercado de criptoativos também abre muitas oportunidades. Por ser um mercado novo e disruptivo, a capacidade de análise que o economista tem é algo que faz bastante diferença, tanto para avaliar os fundamentos de um ativo quanto para observar o seu potencial de desenvolvimento.

Registro

É importante frisar que a atividade profissional do economista no Brasil só pode ser exercida legalmente com o competente registro profissional junto ao Conselho Regional de Economia. A fiscalização profissional garante à sociedade que esta atividade será exercida somente por pessoas devidamente habilitadas, possuidoras de conhecimento técnico e sujeitas a um código de ética.

O Sistema Cofecon/Corecons também atua para que os cargos públicos com atividades típicas da profissão de economistas sejam efetivamente ocupados por economistas e não por profissionais com qualquer outra formação. Da mesma forma que um economista não realiza cirurgias nem é responsável por misturar produtos químicos (por serem atividades de outras profissões), atividades como a elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira ou a análise de mercado devem necessariamente ser realizadas pelo profissional economista, que é quem detém a competência e a habilitação para tal.

Saiba mais

Para informar mais sobre o mercado de trabalho dos economistas, o Cofecon publicou o Guia de Orientação Profissional (acesse AQUI). Nele, diversos economistas – incluindo os que foram mencionados no início deste texto – falam sobre suas áreas de atuação, destacando quais são as habilidades necessárias em cada uma delas e os conhecimentos aos quais devem se dedicar. Eles também falaram ao podcast Economistas, que pode ser acessado na sua plataforma preferida, ou com os códigos QR disponíveis no Guia. Acesse e conheça mais sobre esta profissão com incontáveis possibilidades!

ARTIGO DE OPINIÃO: Economista – uma das profissões mais bem pagas no Brasil

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