A queda de 0,6% na produção em junho levou a indústria nacional ao segundo mês negativo seguido, após recuo de 0,1% em maio. A perda de ritmo do setor, na comparação com maio, reflete a redução da produção em 17 das 26 atividades e em todas as grandes categorias econômicas de bens intermediários, de consumo e de capital.
Com esse resultado, a indústria está 17,9% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011. As informações são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada hoje pelo IBGE. No fechamento do segundo trimestre, o setor teve queda de 1%, na comparação com o mesmo trimestre de 2018.
Na comparação com junho de 2018, a queda da indústria foi mais acentuada, de 5,9%, acumulando -1,6% no primeiro semestre do ano. Além da redução de ritmo, o efeito calendário contribuiu negativamente, já que junho de 2019 teve dois dias úteis a menos que junho do ano passado.
A pesquisa apontou resultados negativos também nos últimos 12 meses, com recuo de 0,8%, mantendo a trajetória descendente iniciada em julho do ano passado.
Entre as 17 atividades que puxaram a produção para baixo, na comparação com maio, estão produtos alimentícios (-2,1%), máquinas e equipamentos (-6,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%).
Essas três atividades representam cerca de um terço da produção total e seguiram o comportamento da indústria, com seu segundo mês de queda. “São segmentos importantes que precisam de uma demanda doméstica mais fortalecida e que são diretamente afetados por um mercado de trabalho ainda longe de uma recuperação consistente”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.
Ainda em relação ao mês anterior, houve perdas em todas as grandes categorias econômicas, sendo a mais intensa de 1,2% em bens de consumo semi e não duráveis. As demais taxas negativas foram em bens de consumo duráveis (-0,6%), de capital (-0,4%) e intermediários (-0,3%).
Indústria extrativa tem alta de 1,4%, mas ainda sente efeitos de Brumadinho
Entre os nove ramos que ampliaram a produção em junho, destaque para as indústrias extrativas. O setor avançou 1,4% em relação a maio, a segunda taxa positiva consecutiva, interrompendo quatro meses de queda, quando acumulou -25,6%.
Já na comparação com junho de 2018, o setor extrativo caiu 16,3% e exerceu a maior influência negativa, ainda pressionado pelos efeitos do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG).
“Há um aperto na legislação que faz com que algumas atividades extrativas deixem de funcionar ou operem em ritmo menor. É a atividade com a principal influência negativa na comparação anual, seja frente a junho de 2018, seja no acumulado no ano”, avalia o gerente da pesquisa.
Fonte: IBGE