A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead) lançou o Boletim de Conjuntura Econômica, uma publicação que analisa os principais aspectos econômicos e sociais de Minas Gerais, do Brasil e do cenário global. O lançamento, realizado em parceria com o Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), ocorreu na sua sede na última quinta-feira (27) e contou com a presença da presidenta do Cofecon, Tania Teixeira, de professores, economistas e profissionais do setor.
Para o presidente da Fundação Ipead, Fabrício José Missio, o Boletim de Conjuntura Econômica responde a uma carência de instrumentos, que como este não apenas apresenta dados, mas também traduz informações para que o cidadão compreenda as decisões tomadas e seus reflexos nos indicadores econômicos e sociais. A proposta do do boletim é ser acessível e de fácil compreensão, permitindo que, a partir da análise dos indicadores, sejam escolhidas as melhores estratégias para o crescimento e o desenvolvimento de Minas Gerais.
Carolina Rocha Batista, presidente do Corecon-MG, ressaltou a importância do lançamento para o protagonismo dos economistas no debate técnico em Minas Gerais e no Brasil.
O evento seguiu com a palestra do professor de Política Internacional e Comparada do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dawisson Belém Lopes, sobre a Conjuntura Política Internacional, apontando as particularidades do momento global.
A Nova Ordem Global e o Papel do Brasil
Em um mundo em constante transformação, as relações internacionais se reconfiguram de maneira acelerada. A ascensão da China, o reposicionamento dos Estados Unidos e a emergência de novas potências moldam um cenário dinâmico e desafiador. Um exemplo claro dessa mudança foi a reação norte-americana ao crescimento chinês. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA desfrutaram de uma posição hegemônica, mas o avanço da China no comércio e na indústria tem colocado essa liderança em xeque. Atualmente, 150 países têm a China como principal parceiro comercial, sendo que em 120 deles a presença chinesa supera em pelo menos duas vezes a do segundo colocado.
Esse movimento também impactou a Rússia. Desde a tentativa de integrar-se ao Ocidente por meio do G8 até sua exclusão e as sanções impostas em 2022, o país precisou redefinir suas alianças e estratégias para evitar o colapso econômico. A desconexão da Rússia do sistema Swift é um exemplo marcante das medidas adotadas para isolar Moscou.
A Índia surge como outra peça-chave nesse tabuleiro. Com uma população jovem e crescente, o país investe pesadamente em tecnologia e inovação, buscando uma posição de destaque no cenário global. Já a Europa, embora ainda seja um bloco relevante, enfrenta desafios internos que dificultam sua coesão como ator único nas relações internacionais.
O Contexto Brasileiro
Nesse contexto, o Brasil se vê diante do desafio de equilibrar suas relações internacionais sem se alinhar automaticamente a um único bloco. Historicamente ocidentalizado, o país tem se distanciado progressivamente dos Estados Unidos em votações na ONU, enquanto sua convergência com a China cresce. Essa tendência reforça a necessidade de uma política externa baseada no universalismo diplomático, ampliando parcerias e evitando dependências excessivas.
A inserção do Brasil nos BRICS exemplifica essa busca por maior protagonismo. O bloco, que nasceu como um conceito de mercado, evoluiu para uma plataforma geopolítica com o objetivo de diversificar as relações internacionais e reduzir a centralidade dos EUA e da Europa. No entanto, a assimetria entre os membros, especialmente o peso desproporcional da China, ainda é um desafio.
O Brasil, portanto, precisa definir sua estratégia para os próximos anos. A manutenção de instituições democráticas e uma política migratória aberta são aspectos positivos, mas é essencial que o país continue investindo em relações internacionais que fortaleçam sua posição sem comprometer sua autonomia. O momento exige equilíbrio, visão estratégica e a habilidade de manter-se relevante em um mundo cada vez mais polarizado.
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